Queimadas e desmatamento interferem no ciclo hidrológico

Queimadas e desmatamento interferem no ciclo hidrológico e provocam fortes alterações no balanço radioativo atmosférico, afetando a assimilação de carbono pelo ecossistema.

Um estudo realizado por pesquisadores do Experimento de Grande Escala da Biosfera Atmosférica na Amazônia – LBA, programa coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) concluiu que as mudanças de uso do solo na Amazônia vão muito além da troca de floresta por áreas de paisagem e cultivo. Na medida em que provoca o aumento da concentração de aerossóis e de gases traços da atmosfera sobre tudo na estação seca, as emissões de queimada acabam por afetar os mecanismos naturais de uma série de processos atmosféricos na região.

Os aerossóis são partículas que ficam em suspensão na atmosfera, podendo estar tanto no estado sólido quanto no líquido. Os gases traços são aqueles que aparecem em baixa concentração, os chamados gases minoritários, entre os quais esta o CO2 , CO e O3.

De acordo com o estudo, cerca de 60 a 80% das partículas de aerossóis na Amazônia atuam como núcleo de condensação (NCN), que, por sua vez, têm propriedades de condensar água em superfície. Assim entre o momento que a gota de nuvem se forma até sua chegada no chão, vários processos intermediários podem ocorrer, tendo a influência direta das correntes de ar. Para formação de uma gota de chuva é necessária a presença de uma partícula de aerossol que atua como uma “semente”, aonde o vapor de água irá se depositar. Para que ocorra chuva é necessário que as gotas de nuvem cresçam até um tamanho mínimo, de modo que seu peso vença as forças das correntes de ar para cima, que existem numa nuvem.

É nesse momento, alertam cientistas, que ocorrer o papel importante da quantidade de aerossóis e em particular dos NCN. Se o ambiente é relativamente limpo, com baixo teor de poluição, há poucos NCN e, portanto, poucas gotas. Caso a atmosfera seja poluída, com o numero muito grande de NCN, como na época das queimadas, mudam o cenário na disputa pelo vapor de água.

Por Perla Soares

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